Cris Passing

“Você leva jeito”. Foi essa a frase que a então adolescente Cris Passing ouviu do arquiteto que comandava a construção da casa de seus pais. Foi quando oprofissional explicava parte do projeto à sua mãe, que entendeu apenas quando Cris captou a ideia e detalhou tudo a ela. Era sobre o layout de um quarto, que poderia receber uma sacada ou um banheiro por conta das proporções que tinha. “Eu já estava adorando todo aquele clima de transformação dos espaços, uma paixão que germinava, e aí escutar o arquiteto falar aquilo foi como andar nas nuvens”, diz Cris, lembrando do momento exato em que surgiu seu encanto pela profissão. Esse foi um dos momentos cruciais na carreira dela, que ultrapassa os 20 anos de atuação em Santa Catarina e em São Paulo, onde também tem escritório. Na hora de fazer vestibular, não teve dúvidas e jamais questionou sua escolha – que abriu portas nas mais diversas vertentes da profissão. Prova disso é que, apesar de na época a faculdade ter um viés que pouco abordava os interiores, mergulhou no mundo da decoração também. Seu primeiro emprego foi numa loja do ramo, focada em peças e objetos decorativos – o que a fez buscar um curso específico para se aperfeiçoar. Como a arquiteta sempre gostou de desafios, foi trabalhar em uma marcenaria, ampliando ainda mais a abrangência de seu trabalho. Nessa época, surgiu outro momento-chave em sua trajetória. Ela recebeu – e aceitou – o convite para atuar em outra marcenaria, na qual lhe foi proposta sociedade seis me- ses depois. “É algo que poucos recusariam, pois eu poderia me tornar sócia de uma empresa, com 50% das cotas, investindo ‘somente’ o capital intelectual”, lembra, enfatizando que declinou da proposta. A resposta negativa foi motivada pelo fato de querer atuar como arquiteta, investindo em escritório próprio. – apesar de momentaneamente ter ficado desempregada. Mas tudo estava para mudar de novo. Pouco tempo depois, surgiu a oportunidade de participar da CasaCor. Cris conseguiu reunir recursos e assinou um espaço com mais duas colegas. Ela “bateu cartão” na mostra diariamente, interagindo com os visitantes e prospectando possíveis clientes. Deu certo; veio dali o primeiro grande projeto, uma casa de 450 m2 em Jurerê Internacional. No que considera um misto de sorte, preparo, entusiasmo e destino, o evento tornou-se o ponto de partida de uma carreira que coleciona êxitos e é símbolo de relevância. A interação com pessoas, que se mostrou presente logo nos primeiros dias, é uma ferramenta valiosa na atuação de Cris ainda hoje. É o seu meio mais eficiente na hora de captar as necessidades e expectativas dos clientes sobre os seus projetos. “Eu sempre fui boa ouvinte, e é essencial escutar as pessoas, mostrando interesse, interagindo olho a olho. É até uma questão de respeito”, destaca a profissional. Por essa razão, tem obras nos mais variados estilos, desde os mais clássicos aos contemporâneos, pois o resultado é sempre um lar que seja reflexo da identidade dos moradores. Esse tratamento é dado tanto aos clientes de Santa Catarina quanto aos de São Paulo. A decisão de ter uma extensão do escritório em outro estado, aliás, surgiu quando um casal paulista viu seus trabalhos na internet e se identificou, desejando contratá-la. Como ia para lá todas as semanas, fazia check-ins em redes sociais e despertou o interesse de catarinenses que haviam se mudado, bem como de antigos clientes de lá que ela havia feito obras em Florianópolis. A demanda aumentou a ponto de ser necessário ter essa segunda base, fruto da dedicação empregada em cada detalhe – provando que o arquiteto da casa de seus pais tinha razão. De fato, ela leva jeito, e tem mostrado muito mais que isso.