Puro e elementar, por Marcos Bertoldi

Em exatamente 1.753 metros quadrados de área construída, o arquiteto Marcos Bertoldi alcançou, mais uma vez, a atmosfera sublime que caracteriza seus projetos. Moderna, essencialista e unifamiliar, a proposta arquitetônica e de interiores, além do paisagismo, levou quatro anos para ser concluída, e se destaca pela volumetria, constituída por três barras aéreas em concreto armado aparente, que balançam nas suas extremidades e concentram os principais usos do programa da casa.

A implantação destas barras repete a configuração física dos lotes enquanto desvia e protege um conjunto de araucárias e bosque natural na porção frontal do terreno. A frontal, mais elevada, contém cinco suítes e áreas de apoio do setor mais íntimo da residência. Essa barra balança nas duas extremidades com o maior balanço, sete metros, na sua parte frontal onde está inserido o quarto do casal. “Já as outras duas estruturas, localizadas em cotas mais baixas e mais próximas do terreno, são dedicadas aos setores sociais da casa”, explica o arquiteto que leva a arquitetura brasileira a grandes prêmios e publicações internacionais de arquitetura e design.

O mobiliário se utiliza dos mais recentes produtos lançados no mercado internacional, sem deixar de contemplar as criações brasileiras contemporâneas e modernistas, como as cadeiras Cantu, do ícone Sergio Rodrigues, e a mesa de jantar redonda, de autoria da Etel Design, que rompe com a linearidade do arquitetônico.

Rasgos nas lajes de cobertura viabilizam uma série de pátios ajardinados distribuídos nas principais áreas da casa, fechados verticalmente em concreto armado aparente ou brises pivotantes em madeira, como na laje jardim sobre a garagem principal.

Pontos-chave
• Minimalismo é palavra-chave na composição, da pureza dos materiais às formas retas que materializam os móveis e outros elementos da composição.
• A monocromia é um dos aspectos do projeto. Tons terrosos se contrapõem às nuances verdes da vegetação que emoldura os cenários, valorizando a arquitetura.
• Outro aspecto fundamental da proposta é a integração entre os ambientes. Áreas internas e externas dialogam com fluidez, garantindo aos moradores o convívio em diferentes formatos de forma intuitiva e suave.

“Internamente a casa é finalizada em alvenaria branca e painéis ripados de madeira, inclusive nos forros, oferecendo melhores possibilidades para a instalação de luminárias, ar condicionado e sonorização”, explica a equipe. O aspecto natural dos materiais eleitos é evidenciado pela iluminação natural abundante, presente em todos os ângulos da residência.

“O quarto do casal está orientado ao norte, assim como a sala principal, situada na barra transversal conectora. Já os demais quartos e áreas sociais situam-se a oeste”, conta Marcos. Como parte da assinatura do arquiteto, a combinação entre luz natural e madeira não poderia ficar de fora. Assim, as aberturas dos quartos, que são protegidas com muxarabis de madeira para proteção solar e maior privacidade, também criam feixes de luz que inspiram quem habita o local. A cabeceira e a mesa lateral desenhadas pelo escritório, junto à obra de Rodrigo Andrade, arrematam o cenário íntimo.

O espaço de closet e circulação de acesso ao quarto principal enaltece a horizontalidade, característica tão marcante no projeto arquitetônico e que foi explorada, também, no interior da residência. A conexão com a beleza orgânica da natureza também é evidenciada no local, com paisagismo assinado pelo escritório.

Detalhando
1. A valorização dos materiais é um dos destaques do projeto, por isso, não poderia ficar de fora de um dos elementos estruturais: as escadas, ambas emolduradas por revestimentos naturais.

2. Integrado à área interna, o espaço social externo conta com piscina e conexão abundante com a vegetação local, assim como vista privilegiada para os contornos do projeto arquitetônico. O arquiteto planejou a parte mais rasa da piscina com fundo de vidro para iluminar o espaço fitness dos clientes, que fica abaixo do elemento.