Para não dizer que não falei das cores: como diferentes tonalidades afetam o humor
Beijos em vermelho, abraços em azul: a influência das cores nas emoções.

Os efeitos que as cores produzem nos sentidos humanos e, por consequência, no comportamento, são estudados por profissionais de diversas áreas a partir de diferentes abordagens. Apesar dos métodos serem diferentes, o objetivo é o mesmo: compreender como usar as cores e suas combinações a nosso favor.
Intrínseca no dia a dia de arquitetos, designers e decoradores, a análise de cores é ferramenta-chave na concepção de ambientes agradáveis, inspiradores e que cumpram corretamente seus objetivos. Um quarto, por exemplo, local que demanda tranquilidade e introspecção, não compartilha as mesmas necessidades de um espaço social, onde expansão é um fator determinante.

Na psicologia, o estudo das cores visa entender a relação entre tonalidades e sentimentos, revelando ambiguidades que podem passar despercebidas para quem não exercita a sensibilidade em relação ao tema, mas nem por isso deixa de ser afetado por ele. Especialista no assunto, a psicóloga, professora, socióloga e autora do livro “A Psicologia das Cores”, Eva Heller, se dedica aos estudos relacionados a esse campo.
A obra da pesquisadora alemã é ferramenta indispensável para arquitetos, designers, decoradores, artistas, publicitários e todos os profissionais que possam usufruir da potência das cores em suas criações, pois aborda aspectos históricos, culturais, sociais e emocionais de cada uma delas.

A simbologia em torno da cor vermelha é tão instigante quanto os seus efeitos, que podem ser profundos. Marcada por dualidades, a cor vai a extremos e atua de diferentes formas no psicológico das pessoas. Como cor do sangue, por exemplo, pode ser associada à vida e à guerra; quando ligada ao elemento fogo, traz a tona o amor e o ódio, sentimentos opostos, mas que incendeiam e podem queimar, dependendo da intensidade. Em uma interpretação mais mística, é um símbolo de saúde, força, atração e poder.

No âmbito político, é associada à liberdade, aos trabalhadores e ao comunismo; na publicidade, é favorita de marcas de comida e bebida por despertar o apetite. Seja qual for o contexto, não passa despercebida, atraindo olhares e despertando paixões por onde estiver. Se em alguns contextos o aumento da pressão cardíaca é sinônimo de emoção, em outros pode ser prejudicial.

A ambivalência faz com que haja um olhar especial na hora de usar certos tons na decoração, principalmente em relação à quantidade. “O vermelho dificilmente fica em segundo plano, pois traz luminosidade e energia. Por isso, deve haver cuidado com o seu uso”, afirmam as arquitetas Ana Cristina Chiesa e Suéli Herrmann. “É uma cor que costuma potencializar e brilhar perante as demais e evidenciar a vitalidade dos espaços. De forma correta, proporciona uma experiência de afetividade e emoção com o espaço”.

Não há cor mais quente que o vermelho. Por isso, se o desejo for criar ambientes estimulantes, é ele a aposta certa. Por conta dessa essência de movimento e transmutação, as arquitetas Liliane Linhares e Ana Paula Zonta buscam equilibrar os tons avermelhados nas paletas de cores dos seus respectivos projetos, combinando o vermelho com tons mais neutros e frios.

Já a arquiteta Laiane Faita acredita que através das cores temos diversas sensações que podem agir em pontos específicos do nosso corpo, tanto na cura quanto na criatividade. “A minha relação com a cor vermelha, por exemplo, é a intensidade em viver a vida. Estímulo naquilo que faz e muita energia para as vivências de obras e reuniões. Costumo utilizá-la em meus projetos em forma de objetos, quadros, poltronas, elementos mais pontuais, sempre pensando no equilíbrio do ambiente”, explica.

“O azul das virtudes intelectuais como o oposto do vermelho das paixões”, discorre Eva Heller sobre o azul, que representa a consciência e a razão em detrimento às outras cores primárias, mais expansivas e calorosas. Como um melhor amigo que está sempre disposto a ajudar, é a única cor na qual não predomina nenhum sentimento negativo, mas o contrário: faz referência a traços como confiança, honestidade, empatia e solidez.

Para o arquiteto Franchiesco Gonzatti, a cromoterapia mostra-se como uma ferramenta valiosa nas emoções e, consequentemente, no bem-estar. A visão da arquitetura e seus processos criativos a partir disso representa união perfeita para tornar cada projeto único. “A cor azul me proporcionou uma sensação de leveza e, ao mesmo tempo, me senti elegante”, conta. O profissional acredita que as peças do ambiente e os detalhes na mesma cartela de cores transmitem emoção, deixando em harmonia a sua relação com a cor proposta. “Utilizar cores específicas em meus projetos é muito subjetivo de cliente para cliente, levando em consideração o gosto pessoal e o conceito do espaço elas são utilizadas”, revela.

Aliando inovação, qualidade, originalidade e cor, o projeto da Iong House, do escritório TN Arquitetura, se destaca logo na entrada com uma “caixa azul” que dá boas-vindas aos visitantes, deixando o destaque para o living. No ambiente de estudos, a cor predomina e garante uma atmosfera ideal para concentração, auxiliando, inclusive, a lidar com situações adversas no dia a dia, pois acalma e diminui o nível da pressão arterial.

Tão tradicional quanto os jeans aos quais dá vida, o azul representa simpatia, harmonia e fidelidade, apesar de sua frieza. Unanimidade no círculo cromático, o azul é a cor da qual as pessoas mais gostam: 45% dos entrevistados por Eva Heller gostam das matizes originadas da cor primária, uma longa distância até o verde, segundo colocado, que soma míseros 15%. Por aparecer em abundância na natureza — em nada menos que o céu e o mar —, está presente no inconsciente afetivo das pessoas, acreditam os arquitetos Chara Yene Kokowise e Lucas Vitorino. Por isso, o favoritismo.

Autor do escritório dedicado a jornalistas, o duo do escritório Vitorino Kokowise Arquitetos Associados apostou nele para o espaço que conta histórias por meio de objetos decorativos. “O azul, além de transmitir tranquilidade, é uma cor sóbria com uma aceitação muito grande do público. No projeto, utilizamos um azul em tom mais escuro, o que traz um toque de requinte para o ambiente. Aplicamos nas paredes e pontos estratégicos de mobiliário e peças de decoração”, descreve Chara.

Exótica e penetrante, a cor laranja é subestimada no círculo cromático, de acordo com Eva Heller. Cor do calor, da alegria, do outono e do pôr-do-sol, está ligada à juventude, ao entusiasmo, à vitalidade e à criatividade. Se o desejo é inovar — seja no trabalho ou na vida pessoal —, o laranja é a aposta certa. Isso porque os tons alaranjados são símbolos de coragem, gentileza e otimismo. Nesse sentido, costumam ser associados ao equilíbrio de emoções.

As arquitetas Joana Cerutti Machado e Morgana Antonini, do i+2 Arquitetura, visualizam o laranja como parte de uma paleta que remete à natureza. “São tons que aquecem e trazem energia. Vibrantes sem serem agressivas”, revelam. No portfólio do duo, o laranja é utilizado em detalhes pontuais, como objetos decorativos, e em um projeto para um consultório de psicologia infantil. “Elegemos a cor para provocar que as crianças se soltassem, se sentissem estimuladas a serem quem realmente são, sensação diferente se usássemos uma parede na cor vermelha ou azul, por exemplo”.

Assim como a dupla de arquitetas de Chapecó, os profissionais do escritório Zulkowski Arquitetura têm uma relação próxima com o laranja. “Com ela trabalhamos muito a inspiração e a inovação. É justamente isso que buscamos no nosso dia a dia, juntamente com o sentimento de entusiasmo que trazemos para novos projetos”, contam. Como é uma cor que desperta a criatividade, alegria e vitalidade, os arquitetos exploram os tons alaranjados em ambientes como cozinhas, áreas gourmet e espaços comerciais, como restaurantes.

A lista de prioridades da estilista Coco Chanel era liderada pelo vestido preto perfeito. Básica. elegante e atemporal, a peça está sempre em alta — pelo menos, desde o início do século passado, quando viveu o ícone da moda. A clássica frase não tinha a ver com o formato, mas com a cor do item. Essa é a característica mais marcante do preto: estar sempre no topo. Sinônimo de imponência, poder e sedução, a cor é, assim como o vermelho, marcada por dualidades. Da mesma forma em que carrega em si a elegância máxima, tanto na decoração quanto na moda, representa também a ilegalidade e a anarquia, de acordo com Eva Heller, e pode ser associada à finitude.

Ousadia, requinte e atitude. Nos projetos que têm o preto como protagonista, essas três características estão sempre presentes. Afinal, é necessário ter audácia e bom gosto para explorar uma cor tão poderosa quanto essa, como faz a arquiteta Amanda Mariani. “O preto faz parte do DNA dos nossos projetos. Adoramos utilizá-lo em detalhes impactantes, como puxadores, elementos em serralheria, luminárias, decoração e metais”, conta. A arquiteta acredita que, diferente do senso comum, sua utilização não deixa o ambiente necessariamente carregado. “Quando bem utilizado, o preto confere muita personalidade aos espaços”.


Para isso, a profissional leva em consideração os aspectos psicológicos, culturais e fisiológicos de cada paleta cromática, compreendendo o seu uso e usuário. “Entendemos que as cores influenciam diretamente sobre a nossa percepção e comportamento, dessa forma elas ocasionam estímulos que interferem na dinâmica do nosso funcionamento mental, sendo capazes de contribuir para o conforto e bem-estar e podendo ser energizantes ou relaxantes”.


Misticismo, espiritualidade e feminismo, apesar de distintos, têm uma ligação direta com o violeta, que é usado em diferentes simbologias em cada um desses movimentos. Cor secundária com uma força intrínseca que só ela tem, o violeta colore narrativas marcadas pela audácia de um tom que não passa despercebido. Assim como o preto, é associado a energias e à ideia de transformação. Ambivalente e oscilante no sentimento, é menos delicado que o rosa e mais suave que o preto, o que o deixa em uma zona mista, que de neutra não tem nada.

De acordo com a designer Priscila Lima, a cor pode ser aliada no processo criativo. “Para nós, que trabalhamos com a criatividade, estar em equilíbrio e em sintonia com nós mesmos, que são uns dos benefícios da cromoterapia, é importantíssimo. Por sinal, o roxo é umas das cores que mais estimula a sinapse e o livre criar, sem fronteiras e preconceitos”, acredita.
Longe da monotonia, projetos que têm como protagonista a cor violeta e suas variantes — do roxo ao lilás, que voltou com tudo na estética da geração Z — são sempre vibrantes. Por ser carregada de misticismo e emprestar sua singularidade a diversas pautas, como o movimento feminista, é associado a um perfil jovem e descolado, que passa longe de reproduções.

Para a cor, originalidade é palavra-chave e qualquer projeto que ofereça menos do que isso vai de encontro à sua essência — o que não é o caso da proposta assinada pelo escritório TN Arquitetura, que explorou a tonalidade e outras cores contrastantes, como verde água e laranja, com a audácia que o violeta merece.
O banheiro sem gênero projetado pelo arquiteto Jeferson Branco celebra o que a vida tem de mais belo: sua diversidade. A proposta busca garantir aos frequentadores o simples direito de ir e vir, sem qualquer tipo de barreira ou discriminação. Por meio de elementos naturais e texturas brutas, o espaço faz analogia a um habitat onde a pluralidade do cotidiano se manifesta livremente — uma atmosfera que tem tudo a ver com a essência da cor violeta, que surge da mistura entre azul e rosa no neon.

Eleita uma das cores do ano pelo Pantone Color Institute, o amarelo é um sopro de esperança. A cor primária transmite luz, energia e calor. É símbolo de criatividade e juventude, além de irradiar alegria. Torna os ambientes leves e descontraídos e, culturalmente, é associada à abundância financeira.
Como ocorre com outras cores, equilíbrio é a palavra-chave no uso, já que, em demasia, o amarelo
pode causar estresse. É essa a relação da arquiteta Ana Maria Marangoni com a cor: para além do que diz a psicologia das cores, o mais importante é a relação de quem habita os espaços, sejam eles residenciais ou comerciais, com as cores eleitas.

Ambientes descontraídos, como espaços gourmet e bares, ornam com cores expressivas, a exemplo do amarelo, que protagoniza a paleta do novo wine bar do Grupo Vino: um projeto moderno e aconchegante para a chegada do seu primeiro estabelecimento ao mercado de Florianópolis. Os tons aparecem em diferentes elementos, inclusive na iluminação.

A intenção foi trazer os elementos de identidade da marca com novos materiais e criando, assim, um conceito contemporâneo. “Buscamos acabamentos que proporcionam conforto, sem perder a sofisticação de um ambiente wine bar. Apostamos no couro em tom ocre, combinado com a madeira jequitibá natural das banquetas – para criar uma base monocromática –, a iluminação indireta e os filetes em ouro velho trazem os detalhes refinados”, explicam os arquitetos Fábio Bubniak e Ana Carolina Melo, autores da proposta.

A bancada em pedra natural, que acompanha todo o perímetro do quiosque, cria a sensação de unidade ao mesmo tempo em que contrasta com o concreto da parte interna do bar.

A relação íntima Vaneza Krombauer com o amarelo chegou à identidade visual do escritório que comanda. Para ela, a cor de destaca por ser alegre, otimista e estimulante. “Se tratando dos projetos, por ser uma cor quente e vibrante, buscamos utilizá-la de forma mais pontual em pequenos detalhes. Procuramos explorar a tonalidade principalmente através dos metais dourados que tornam os espaços mais sofisticados e elegantes, permitindo maior flexibilidade de uso”, explica.

Intimamente relacionado com a natureza, a energia, a vitalidade e a esperança, o verde é uma cor alegre, sobretudo em tons claros. Símbolo de fertilidade, representa a primavera, que marca reinícios e inspira o frescor da flora. Na decoração, cria uma ponta com o lado externo, que é ativado inconscientemente por meio de elementos esverdeados no interior.

Essa conexão que causa relaxamento vai além da questão estética: além de proporcionar um cenário que transporta para cenários naturais, o verde reduz a pressão arterial e a frequência cardíaca, ou seja, faz o corpo reagir às suas nuances.

A arquiteta Maria Cristina Perucchi tem uma relação íntima com a cor. “Verde é a natureza que nos rodeia. É a principal cor da nossa bandeira. É tropical e militar. É sorte, e esperança. Faz parte da minha identidade de forma marcante. É a cor que carrego comigo, nos olhos, desde que nasci. E isso me faz ter uma relação de muita familiaridade com ele”, pontua a arquiteta.

Projetar não é apenas pensar nos elementos construtivos do ambiente. Uma vez que as cores influenciam diretamente na experiência do usuário no espaço, a definição da paleta deve dialogar com os objetivos traçados no início do processo de criação. Nas palavras da arquiteta Maria Cristina Perucchi, é necessário analisar a simbologia, misticismo ou psicologia que a cor transmite e, dependendo do resultado, avaliar também referências culturais, históricas ou artísticas — tudo para chegar em um resultado que traga boas sensações e percepções das pessoas. Nesse sentido, o verde atua como uma cor que promove uma conexão com a natureza, uma vez que o inconsciente cria essas associações.

Nos ambientes projetados pela arquiteta Thainá Horn Di Domenico, a cor é indispensável, seja em tons escuros ou claros. “Apostamos em tecidos e estofados em verde, trazendo um forte aspecto de elegância e equilíbrio, e também na vegetação para proporcionar sensação de frescor”, afirma Thainá. “A cromoterapia pode ser um grande guia para o processo criativo, se tivermos como inspiração as reais intenções do cliente para aquele espaço”.

Tons fortes podem ser particularmente desafiadores em projetos de interiores. Quando bem aplicados, mostram a maturidade dos autores, que provam como sabem personalizar espaços com maestria. O projeto concebido pelo escritório Mauricio Christen Interiores exemplifica essa ideia no uso do verde, uma cor que traz tranquilidade e aconchego para o ambiente.

“Antes do homem sair a desbravar, as atuais cidades eram totalmente revestidas de verde, florestas e matas fechadas”, narra a arquiteta Gieza Schneider de Sousa Bernardi. “Com o passar dos anos e os avanços da construção civil, regredimos nos afastando daquilo que nos fazia tão bem, a natureza”.

O pensamento de Gieza evidencia a necessidade de reconexão e o papel do verde nesse história. A profissional defende que hoje há cada vez mais a presença de verde no meio urbano, mas essa valorização não se dá apenas em espaços abertos: os tons tomam conta dos espaços internos, sejam residenciais, comerciais, corporativos ou educacionais.
De acordo com a arquiteta, poucos clientes querem uma pintura na parede ou um móvel verde, porém a cor deveria fazer parte da paleta sempre que possível. “O verde é a cor da esperança, da saúde, da prosperidade e é comprovado pela ciência que auxilia na recuperação de pessoas doentes, trazendo a calma e gerando vida”.

Doce, criativo e charmoso, o rosa é associado à feminilidade, principalmente em tons claros, mas nem sempre foi assim. De acordo com a pesquisadora Eva Heller, a cor era considerada masculina há alguns séculos. Para além das limitações de gênero, a cor faz um convite ao autocuidado e ao desenvolvimento de habilidades relacionadas à criação artística, da música à poesia, pois desperta o lado afetivo.

Linda Cris Araújo explora diferentes tons de rosa em composições singulares. Foto: Kacio Lira
Uma cor leve, delicada, inspiradora e cheia de emoção. A maior ligação com a cor rosa é a alegria, a vontade de se reinventar e a magia que existe em apreciar a vida. Por isso, está presente em composições lúdicas e românticas, que inspiram a sonhar.

A arquiteta Natiele Antoniolli Baseggio aposta nos tons rosados em dormitórios infantis, onde é possível trazer toda delicadeza, encanto e fantasia para dentro dos ambientes. “Também já projetamos nas paletas de tom rosa: cafeterias, loja femininas, suítes, consultórios médicos, ambientes que remetem a todo lado à doçura e que transmitem carinho e compreensão”, afirma. “Nosso dia a dia é colorido e nós já convivemos com a cromoterapia, mesmo que de forma inconsciente”, acredita a arquiteta.

Feito para cativar, o ambiente La Vie En Fleur, das designers de interiores Linda Martins e Linda Cris Araújo, do Maraú Design Studio, aguçou de forma multissensorial quem passou por ele. O duo projetou um espaço comercial para perfumes, no qual diferentes tons de rosa entraram em cena para despertar a delicadeza da proposta.
Totalmente instagramável, o ambiente apostou no rose quartz para diferentes elementos. Uma tela tensionada com estampa de flores e mais de 100 lâmpadas criava um efeito único, que enaltecia o rosa suave e as peças de design da composição. como a cadeira Lady Chair, assinada pela própria Linda Martins.

A cor branca invoca a esperança, a tranquilidade, purifica e irradia luz nos cantos escuros. Símbolo universal da paz e soma de todas as cores, é a base para as mais diversas criações. Na sua forma passiva, mantém a neutralidade e cria uma tela pronta para receber quaisquer outras cores; como ativa, demonstra como está longe da monotonia.
“Por isso que me identifico com essa cor”, conta a arquiteta Paola Janke de Lima. “Quando sinto que um cliente está rígido ou congelado, ou tem a mente presa em alguma área, geralmente uso o branco, para que ele absorva um pouco de cada cor, pois o branco atua homeopaticamente abrindo a pessoa a todo o espectro de cores”, revela.

No entanto, por estar tão atrelada à pureza e à limpeza, pode causar esgotamento. Mais uma vez, o equilíbrio se faz necessário para extrair o melhor da cor.

“A cor é um importante elemento na concepção espacial do projeto de ambientação, pois visualmente pode alterar as dimensões e formas do espaço, evidenciar um determinado volume ou detalhe construtivo ou mimetizar visualmente alguns aspectos do espaço”, explica Roberta Sartori, que utiliza branco e cinza frequentemente em seus projetos para, além de realçar todas as cores, pontualmente, fazer com que os ambientes ganhem luminosidade e vida. “É simples e elegante”, conta.

Para a profissional, a correta utilização das cores é um importante aliado para o equilíbrio dos ambientes e daqueles que os habitam, a depender do objetivo, da sensação que deseja dar ao ambiente e da mensagem que quer passar. “Quando bem escolhidas e principalmente combinadas entre outras cores, geram um conforto visual e bem-estar em estar naquele ambiente, ou quando a ideia for imprimir personalidade, a utilização da cor é marcante”.

O branco está presente em grande parte dos projetos assinados pela arquiteta Andreza Soethe. Seja na decoração, no mobiliário, nos acabamentos ou nos revestimentos, é com certeza a cor mais democrática e universal. “Gosto de utilizá-lo na composição com outros tons suaves, trazendo luz e tranquilidade ao ambiente. Mas, especialmente, gosto de explorá-lo como ponto de contraste com outros materiais e elementos, criando uma cena dinâmica e interessante com pontos focais brancos”, sugere.


Lunar, preciosa e moderna, a cor cinza teve seu retorno à decoração na última década, graças à ascensão da estética industrial, que tem origem nos lofts nova-iorquinhos dos anos 50. Não há dúvidas de que o concreto aparente confere um estilo arrojado a propostas arquitetônicas e de interiores, valorizando a essência dos materiais em seu estado mais puro. Mas quando o assunto são as sensações proporcionadas pelo cinza no humor e no comportamento, a resposta não é tão positiva assim: ao invés de inspirar, as nuances acinzentadas podem causar distanciamento e frieza nas relações e queda no humor. Apesar de não ser uma regra – afinal, cada um sente de uma forma -, é interessante combinar o cinza com outras cores do círculo cromático em busca de equilíbrio emocional e estético.

O cinza é uma cor muito neutra que se encontra entre o preto e branco, ou seja, pode ser combinada com uma infinidade de outras tonalidades a fim de garantir a sensação desejada. “Para nós as cores têm tudo haver com a personalidade de cada projeto. Cada cliente é único e por isso tem seus gostos e preferências”, afirmam Ana Carina Zimmermann e Rafael Fernando, da Casa de Projetos. Nos projetos assinados pelo escritório, os efeitos visuais das cores são estrategicamente trabalhados com a finalidade de desenvolver ambientes que sejam ao mesmo tempo criativos e agradáveis para aqueles que irão frequentá-lo.
O duo aposta na terapia de cores para definir a paleta de suas criações. “A cromoterapia, por ser uma técnica reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), não pode ser desconsiderada por profissionais que criam os ambientes em que todos habitamos, sabendo que cada tonalidade é capaz de influenciar nosso humor de maneira singular, além de interferir em nossa saúde física, mental e espiritual”.
