Casas de campo: o ar do interior faz bem
Projetos de estilos variados, com uma característica em comum – uma natureza tão generosa no entorno, que se torna componente essencial em todos os ambientes.

Aproximar-se do campo é como mergulhar em um silencioso universo de sensações. A temperatura amena toca a pele com gentileza e, com ela, traz um pensamento quase instantâneo de que uma xícara de chá ou café fresco cairia muito bem. Com uma fatia de torta, quem sabe. Uma variedade de cheiros pouco comum na cidade alcança as narinas como se quisesse ser notada. Os olhos se deslumbram com o que podem ver – cores, formas e movimento. Tudo acontece simultaneamente, com poder para capturar a nossa atenção.

É mágico e, exatamente por essa razão, torna-se paixão de tantas pessoas. O interior do país está ganhando casas de campo de quem escolhe ter acesso a essa rota acolhedora com regularidade. Construir um abrigo rodeado pela riqueza sem limites da natureza é como beber de uma fonte inesgotável de sossego.

Nessa atmosfera serena, os profissionais Marcelo Salum, Mauricio Christen e Cláudio Schramm, Roberto Migotto e Tufi Mousse apresentam quatro projetos de casas de campo, situadas nas regiões Sul e Sudeste. Os estilos acompanham a personalidade dos proprietários, variando da sobriedade ao maximalismo.
A similaridade entre todos os projetos está na principal referência. É a natureza que inspira a escolha de materiais, a funcionalidade dos espaços e as generosas aberturas para a área externa. Em casas de campo, luz e ventilação natural à vontade são quase um imperativo.

Arquitetura e design se camuflam no campo e criam ambientes convidativos para confraternizar ou descansar. A companhia mais valiosa está garantida: uma paisagem que as palavras não seriam capazes de descrever à altura.

As fazendas de séculos passados estão no imaginário de muitas pessoas. Traços de design, materiais, cores e estampas remetem a sensações bastante particulares. Uma fusão delicada de imponência e aconchego faz dessa referência uma terra vasta de possibilidades para casas de campo.

O arquiteto Marcelo Salum, em parceria com o escritório Mos Arquitetos Associados, assina o projeto desta residência em Paulo Lopes, Santa Catarina. Os proprietários pediram para os profissionais investirem em composições de estilo clássico, lembrando em muitos detalhes as casas grandiosas de fazendas no interior do Brasil. O resultado não poderia ser diferente: cada ambiente tem a sua própria capacidade de cativar.

A materialização do desejo dos clientes começa pela escolha de Salum em revestir o piso de alguns espaços com madeira. Afinal, as lembranças de uma genuína casa da fazenda certamente incluem os sons habituais dos calçados sobre o piso, de tal modo que é quase possível identificar quem está chegando.

Nas paredes, um tom suave de verde, garantindo uma neutralidade que não ofusca a mobília e a decoração. Além, é claro, de remeter ao entorno da casa, abundante em vegetação. Até mesmo o efeito visual do teto foi inspirado nas casas de fazenda
Os tecidos selecionados para a mobília são um espetáculo à parte. Cores quentes, variadas estampas florais e em xadrez. O conforto que transmitem se assemelha, de fato, a entrar em uma residência de muito tempo atrás – quando o relógio parecia bater com mais calma e o aroma de comida caseira tomava conta da casa.
As formas que se encontram pelos ambientes desta casa de campo valorizam as curvas e o movimento. Já o mix de materiais lembra que, embora a principal referência seja antiga, a concepção de design é atual. Salum mostra que há muita riqueza estética em combinar diferentes momentos da história.

Os ambientes comuns da casa contemplam sala de estar, de TV e jogos, além de cozinha, sala de jantar e um pequeno escritório. Todos os espaços são integrados e possuem uma bela vista para o jardim. Salum utilizou aberturas amplas com design abaulado típico de propriedades em fazenda. Até mesmo os puxadores graciosos carregam o estilo clássico.

As áreas de lazer em posição central ressaltam a descontração e informalidade dos espaços. Salum favoreceu uma atmosfera de convívio e garantiu que todas as pessoas tivessem as suas preferências atendidas em cada momento, seja relaxar ou se divertir.

Existe uma dose generosa de charme neste projeto de interiores. Uma simplicidade que alcança memórias afetivas. Na paleta de cores predominam tons suaves e terrosos, que são um atrativo para entrar e se sentir à vontade. Era esse o efeito que Salum pretendia alcançar, atendendo ao pedido dos clientes por ambientes acolhedores.

Salum acredita que um projeto de casa de campo tem liberdade para expressar as preferências dos proprietários. Não há necessidade de se prender a regras, nem mesmo utilizar muitos elementos com referência à natureza, caso não sejam coerentes com o perfil do cliente. O terreno é fértil, pode se obter dos mais diversos frutos.

No caso deste projeto específico, a natureza se manifesta com frequência em cores, texturas e objetos decorativos. Mas a essência da identidade desta família está na atmosfera de fazenda antiga, a qual Salum se manteve fiel em todos os espaços. O arquiteto explorou peças em materiais naturais com tramas típicas do estilo clássico, estofado em couro escuro, pequenos baús e caixas com abundância em detalhes, livros que mais se parecem com tesouros resgatados.

A área íntima desta casa de campo inclui quartos para o casal e as filhas, além de espaços para hóspedes. Salum se dedicou a personalizar os ambientes conforme os interesses de cada membro da família. A suíte do casal se manteve neutra, assim como o quarto de uma das filhas. Para as outras duas, o arquiteto atendeu às preferências pela cor azul e pelo estilo romântico.

Mesmo atento aos desejos individuais, Salum conseguiu alcançar um resultado de completa conexão entre os ambientes. A disposição dos móveis se assemelha em todos os quartos, enquanto os papéis de parede, ainda que diferentes, estabelecem uma conversa harmoniosa.

Um refúgio que absorve todo o encanto do entorno. A Casa da Represa está situada em Rio dos Cedros, Santa Catarina, em um terreno que permite a vista do rio por diferentes direções. A concepção do projeto iniciou em 2014, quando os designers de interiores Mauricio Christen e Cláudio Schramm, do escritório Mauricio Christen Interiores, conheceram a área. Em fevereiro de 2020, os clientes voltaram a entrar em contato para que os profissionais assumissem o design de interiores de uma construção já em andamento no local, contemplando as adequações arquitetônicas necessárias.

Foram necessários seis meses para acertar cada detalhe e entregar a casa de 700² ao desfrute da família, formada por um casal e três filhos. O interior de conforto e requinte escolhido para a Casa da Represa tem como moldura um verde exuberante – generosidade da natureza, que Mauricio e Cláudio valorizaram em todos os ambientes.

Para famílias que adoram receber, os espaços comuns ganham protagonismo. Essa é uma das características mais marcantes na Casa da Represa. Os ambientes sociais internos integrados são ligados à área externa por grandes aberturas em esquadrias. Como resultado, livre circulação para quem transita pela casa e iluminação natural abundante.

A cozinha da Casa da Represa transborda personalidade. O verde do campo, escolhido para colorir os armários, forma um contraste delicado com os puxadores dourados. Essa associação de rusticidade e elegância também se expressa na bancada central, em que a madeira é combinada ao revestimento em mármore.

Os utensílios expostos, além do toque despretensioso incorporado por alguns elementos, como cadeiras e pendentes, mostram que o ambiente está aberto à informalidade.

No projeto da Casa da Represa, Mauricio Christen e Cláudio Schramm se concentraram em refletir as preferências da família. A casa entregue pelos designers de interiores se incorporou naturalmente ao estilo de vida dos proprietários. Nesse núcleo familiar acolhedor, as áreas gastronômicas são estrelas da casa. É por isso que todas as escolhas dos profissionais priorizaram o conforto na utilização dos espaços – da posição do mobiliário ao direcionamento da iluminação.

A composição com elementos de design é o que promove equilíbrio entre função e estética. Os revestimentos, por exemplo, acrescentam textura à decoração dos ambientes. Mauricio e Cláudio exploraram um arranjo autêntico, que inclui cimento queimado, madeira, ladrilhos e tijolinhos. É a união de todos os componentes que faz a Casa da Represa uma continuação das pessoas que a frequentam.

A área privativa da Casa da Represa conta com quatro suítes espaçosas. Assim como nos espaços comuns, o ponto alto dos ambientes continua sendo as aberturas que permitem uma vista privilegiada para o ambiente externo.

No interior, a paleta de cores privilegia os tons que se aproximam da natureza do campo, pontualmente contrastados por tonalidades distintas. No design do mobiliário predominam linhas simples, direcionando o olhar para os movimentos da natureza.

Se as áreas sociais da Casa da Represa oferecem a estrutura completa para uma boa confraternização, as suítes abrigam os momentos de relaxamento. Quarto e banheiro foram projetados para receber casais com toda a comodidade. A inspiração do campo encontra o design de peças cuidadosamente selecionadas por Mauricio e Cláudio. Os acabamentos dos materiais que revestem as paredes e chamam ao toque, a confortável poltrona disposta ao lado da janela, o lustre com traços clássicos e sinuosos.

Os metais dourados são um toque de requinte que transitam em todos os ambientes. No banheiro, o estilo da marcenaria segue a mesma linha da cozinha, criando uma interação entre os espaços. A energia da natureza que envolve o terreno está distribuída por toda a casa, em uma troca constante entre as áreas externa e interna.

A Casa da Represa está imersa na atmosfera do campo. Os designers de interiores Mauricio Christen e Cláudio Schramm compreenderam a fundo a vontade da família em construir um local de celebração e contemplação. Áreas sociais abertas para o exterior, com tudo que os anfitriões precisam para receber os amigos. As reuniões podem acontecer em volta da piscina, que fica às margens da represa, ou nos espaços gourmet, onde não faltam opções gastronômicas.

Passando às suítes, é a privacidade que destaca. As aberturas para a paisagem tornam o clima de descanso absoluto. Do quarto ao banheiro, a elegância do design parece se inspirar na beleza que vem de fora. Para quem tem a oportunidade de estar nesses espaços, a atenção permanece direcionada a toda satisfação que os cenários da Casa da Represa podem proporcionar.

Intimidade preservada em meio ao verde. Esta casa de campo contemporânea da Fazenda Boa Vista, localizada no interior de São Paulo, alia um projeto arquitetônico e de interiores sofisticado a jardins inspiradores.

A propriedade de 1.300m² tem projeto assinado pelo arquiteto Roberto Migotto e paisagismo por Maria João. A parceria entre os profissionais resultou em uma melodia coerente e fluida do interior com exterior. Olhar apurado para atender as expectativas dos clientes.

Para esta casa de campo, Roberto encontrou um ponto de convergência entre casualidade e sofisticação. A madeira freijó foi um dos materiais estruturais escolhidos pelo profissional para transitar pela casa. Essa espécie de madeira é definida pela coloração em castanho claro e pela sua a superfície lustrosa, que a torna uma alternativa certeira em projetos que primam pela sofisticação.
Quem acessa a propriedade pelo térreo se depara com uma grande área social, formada por diferentes espaços de convivência integrados. O jardim dos fundos pode ser logo visto pelas generosas aberturas para o exterior que circundam a casa.

Em contraste com a madeira, Roberto optou por utilizar mármore Travertino no piso. A cor bege do revestimento conduziu a seleção da paleta de tons claros predominante na residência da Fazenda Boa Vista. Os veios tradicionais na superfície da pedra formam um movimento elegante pelos ambientes.

O minimalismo do hall de entrada permite que os detalhes realcem aos olhos, como os relevos irregulares dos tijolinhos que revestem as paredes.

As linhas retas que distinguem a estrutura da casa se estendem pelo ambiente da piscina. Nesse espaço, é a simetria dos elementos e o leve contraste entre tons de marrom que se evidenciam visualmente. Ao mesmo tempo, há conforto para a família aproveitar as áreas de lazer entre pessoas queridas.

Para Roberto, as casas de campo pedem decoração casual, repleta de materiais naturais. Tecidos em linho e algodão, além de revestimentos em palha, são boas alternativas, segundo o arquiteto. É por isso que as encontramos nas áreas comuns da casa da Fazenda Boa Vista, em elementos como sofá, recamier, poltronas, cadeiras e almofadas.

A decoração assume o papel do contraste, a partir das obras de arte potentes e de artigos metalizados com aspecto envelhecido. São os componentes que fogem à obviedade, acrescentando referências contemporâneas e até mesmo industriais, e apimentam a composição.

Valorizar a paisagem – essa bússola indica a direção em projetos de casas de campo. Na residência da Fazenda Boa Vista, a rota foi cumprida à risca. Roberto priorizou uma arquitetura com o mínimo de barreiras. De todas as áreas sociais, é possível enxergar as plantas que reinam no jardim, sentir os aromas que elas emanam. Escolhe-se de onde e como contemplá-las, tamanha variedade de ambientes para usufruto.

Com múltiplas luminárias de mesa e chão distribuídas pelos espaços, as conversas e confraternizações podem entrar pela noite em clima de tranquilidade. O ar do campo circula pela residência sem dificuldade, enquanto as pessoas curtem momentos de pleno bem-estar.

Todos os ambientes comuns da residência na Fazenda Boa Vista estão localizados no térreo. Roberto destinou o piso aos cômodos íntimos, atendendo ao pedido da família por privacidade. São seis suítes, sala e escritório reservados para uso particular.
Na área externa, um deck com lareira lembra que o clima fresco do campo tem motivos para ser comemorado. Bege e branco, cores protagonistas do projeto, mais uma vez adornam com os elementos naturais para criar um efeito aconchegante. Arquitetura de traços fortes, junto a um design de interiores sofisticado e um paisagismo harmonioso. Os proprietários dessa casa de campo receberam um reduto original e completo.

Estamos acostumados a ouvir a palavra celeiro como um local para armazenamento de grãos e outros produtos originados da colheita. Neste projeto, o arquiteto Tufi Mousse empregou o termo para, carinhosamente, referir-se a uma casa de campo que guarda relíquias colecionadas pelos proprietários.

Em tempos de cautela com o exagero, o maximalismo desta residência é o que a faz especial. São móveis, objetos de decoração e livros que transbordam significado, contemplados por Tufi no projeto para transmitir a essência dos clientes. Caminhar pelos espaços da Casa Celeiro aguça a curiosidade por ouvir as histórias que estão por trás das peças, por vezes bastante peculiares. Uma curadoria impecável, apresentada ao longo dos ambientes com o charme a que tem merecimento.

Esta propriedade está inserida na natureza farta de Campo Alegre, pequena cidade no norte de Santa Catarina. Para Tufi, quando se tem esse privilégio, o projeto deve somar a ele. Os tons naturais utilizados no interior da residência, além das extensas aberturas para o exterior, são elemento-chave da composição.

Os ares do campo conferem liberdade para se propor um estilo despojado de arquitetura e design de interiores. Tufi selecionou uma movelaria de traços contemporâneos e joviais, em total sintonia com o perfil dos proprietários.

Nas áreas de circulação, o arquiteto optou pela monocromia – o mesmo tom terroso e quente para paredes, portas, vistas e rodapés. O objetivo, como não poderia ser diferente, foi realçar a originalidade da decoração. O piso, revestido por material com efeito de concreto encerado, também ganhou evidência, gerando um contraste interessante por meio da superfície fria. Um olhar atento à decoração revela o apreço dos proprietários pelo universo natural. Esculturas e quadros de animais selvagens, além de peças talhadas em madeiras, são vistas com frequência na Casa Celeiro.

Um olhar atento à decoração revela o apreço dos proprietários pelo universo natural. Esculturas e quadros de animais selvagens, além de peças talhadas em madeiras, são vistas com frequência na Casa Celeiro.

Na sala de estar, que faz parte de amplo e integrado ambiente de convivência, Tufi incluiu uma estante multifuncional. Com prateleiras que percorrem toda a extensão entre uma janela e outra, a estante comporta diversos objetos decorativos, além de bar, aparelhagem de televisão e home theater e lareira. Os materiais utilizados para as prateleiras alternam entre lâminas naturais de nogueira e mármore Travertino romano bruto, em uma combinação que não economiza elegância.

distintas que integram o acervo dos proprietários. Foto: Fábio Jr. Severo
A cozinha também está conectada às demais áreas sociais da Casa Celeiro. Iluminada e alegre, tem armários em tom de verde, que formam um par charmoso com as madeiras estruturais da residência. Como funcionalidade também está entre os requisitos essenciais de qualquer projeto, a bancada central facilita o preparo e consumo de refeições rápidas. E se o propósito é ter a gastronomia como chamariz para uma boa confraternização, o espaço assume essa função com facilidade.

Ventilação natural e acesso direto à externa são, certamente, aspectos bastante convidativos para reuniões na Casa Celeiro. Como uma genuína residência de campo, o fogão à lenha também está disponível na cozinha para aventuras culinárias.

Na tendência de integração de ambientes, muitas são as estratégias utilizadas pelos profissionais de arquitetura e design para manter a coesão estética e, igualmente, marcar a divisão entre espaços com usabilidades distintas.

Na Casa Celeiro, Tufi instalou uma bela mesa de jantar redonda para unir a sala de estar à cozinha. As cadeiras Asti, da Saccaro, são um espetáculo à parte e se integraram com leveza à composição pelas formas orgânicas e o acabamento rústico em fibra natural. O revestimento do piso também une os ambientes, com uma superfície em concreto que traz a referência da cidade para o campo.
Esse encontro de cimento e natureza só salienta que pessoas abertas ao desconhecido, como os proprietários desta residência, não se prendem ao óbvio. Movimentam-se e exploram diferentes possibilidades.

Em cada canto, uma surpresa. A Casa Celeiro tem identidade ímpar, difere-se de qualquer comparação. Tufi projetou esta residência para retratar de modo fidedigno tudo aquilo que os seus clientes valorizam.

Do lado de fora, a natureza recepciona com toda a paz que o campo pode oferecer. Dentro, os objetos remetem a memórias e a casa ganha vida, como uma narrativa cheia de afetividade.